Colaborador - Daniela Vespucci

14-06-2022 13h26

Violência Psicológica é a Raiz da Violência Doméstica - Atenção aos Sinais !!!

Quando falamos em violência doméstica, imediatamente imaginamos aquela mulher machucada, lotada de hematomas e até num feminicídio (art. 121 § 2º, inciso VI do Código Penal) .
Feminicídio é o homicídio doloso (intencional) praticado contra a mulher por “razões da condição de sexo feminino”, ou seja, desprezando, menosprezando, desqualificando e desconsiderando a dignidade da pessoa enquanto mulher, como se as vítimas do sexo feminino tivessem menos direitos, fossem inferiores do que os homens.

Contudo, importante ressaltar que o FEMINICÍDIO É O TOPO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, sendo que a RAIZ DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER É A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA (verdadeiro terror doméstico).

Então, antes do acontecimento do REPUGNANTE FEMINICÍDIO, o agressor praticou outras violências contra a mulher, haja vista que dentro do ciclo do relacionamento abusivo/tóxico, a violência doméstica só aumenta.

Porém, a violência psicológica – como dito, é a raiz da violência doméstica/contra a mulher, a qual é muito difícil de ser identificada.

Tal violência (psicológica/emocional), por si só, já é terrível, DESCONSTRUINDO TOTALMENTE A IDENTIDADE DA MULHER, gerando depressão, apatia (perda do “apetite” pela vida), extrema insegurança e doenças físicas. Destaca-se que observamos em muitos relatos de famílias de vítimas de feminícidio que a vítima já sofria violência psicológica – e a mesma foi ignorada e “tida” como normal por parentes, amigos e pela própria vítima (adoecida por esse ciclo de abuso).

O agressor dentro do ciclo de abuso não é perverso o tempo todo, ele mescla abuso/punição com recompensas (momentos maravilhosos – onde ele é o “melhor” homem do mundo). Então, a vítima que já está adoecida pelo abuso não consegue identificar essa cruel violência psicológica/emocional.

Nos momentos de tensão (durante o pico da crueldade praticada pelo agressor), a vítima procura alguma amiga, familiar e conta o que está acontecendo. Na maioria das vezes, ela é desacreditada por essas pessoas tão queridas, que ela tanto confia. Porém, tais parentes/amigos não possuem o discernimento necessário para identificar o abuso.

O agressor extremamente perspicaz e manipulador percebe que a vítima está querendo “escapar” e faz algo “MARAVILHOSO”, o que a faz retornar para o ciclo do abuso.

Então, é importante que a vítima quando ao sentir esse “desespero e essa dor”, decorrentes do pico de punição PROCURAR AJUDA ESPECIALIZADA, ou seja, uma equipe multidisciplinar do justiceiras (por exemplo), ligar no 180  ou a Vara de Violência Doméstica do Ministério Público para que receba o respaldo, orientação necessária e técnica.

Vamos aos sinais e exemplos (rol exemplificativo e não exaustivo):


- Inversão da culpa – o agressor nunca está errado, ele inverte a culpa causando na mulher uma dissociação da realidade = gaslighting;
- “conversas” em tons agressivos/opressivos onde a vítima se sente acuada e coagida a concordar com o agressor;
- chantagens, onde a mulher é compelida a fazer o que não queria. “Se você fizer isso, saberei que me ama.”
- acua, obrigando a mulher a fazer algo contra os seus princípios morais;
- pune a vítima com tratamento de silêncio, quando a mesma não faz o que o agressor desejava ou esperava;
- priva a mulher do sono e do autocuidado, assim, diminui a sua cognição, fazendo com que a vítima não tenha forças para discernir as provocações recebidas;
- manipulação para a redução da autoestima e identidade da vítima. Exemplo: mulher que sempre pintou a unha de vermelho – o agressor proíbe (muitas vezes de forma velada);
- isola a mulher da sua rede de apoio (amigos e familiares);
- humilha a mulher dizendo que ela não faz nada certo, “que precisa dele pra tudo” – alterando a autoimagem e autoestima dessa vítima, a qual se torna refém do agressor;
- desqualifica as conquistas e vitórias da vítima, muitas vezes ignorando-as;
- difama a mulher na frente dos filhos e se coloca como vítima;
- é um “gentleman” com as pessoas fora da relação doméstica, mostrando sua crueldade somente em casa;
- é grosseiro, estúpido, hostil e quando a mulher questiona tais comportamentos, cala essa vítima dizendo que a mesma é louca e que ele não fez nada disso;
-trai e mente muito para a mulher, negando veementemente tudo que é questionado – invertendo a culpa.

 

Enfim, os exemplos são muitos, por isso, a recomendação que se busque uma equipe multidisciplinar do Ministério Público ou algum profissional especializado.

Lembramos que a violência contra a mulher, especialmente a psicológica ocorre, na maioria das vezes, sem testemunhas. Por isso, alertamos e orientamos que a vítima grave tais punições e leve às autoridades competentes.

Asseveramos a importância de se efetuar uma denúncia, sem isso, o poder público não consegue agir e o agressor continua impune, o que, acaba repercutindo NO AUMENTO DESSA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.

Mulher, DENUNCIE, somente assim, o agressor será punido (inibindo outras práticas). Procure ajuda e não despreze os sinais !


Princípios do Direito Penal (Parte 1)

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